Uma Nova Proposta de Sistematização da Ciência da Informação

rediscutindo os paradigmas do campo

Resumo

O objetivo deste texto é avaliar a tradicional sistematização da ciência da informação em torno de três grandes modelos ou paradigmas de estudo: a perspectiva física, sintática ou objetiva; a perspectiva cognitiva, semântica ou subjetiva; e a perspectiva sociocultural, pragmática ou intersubjetiva. Essa sistematização está presente de maneira explícita em diversos manuais e trabalhos epistemológicos, e de maneira implícita em trabalhos de natureza historiográfica ou instrumental. Mas ela se mostra inadequada para contemplar a diversidade de estudos na área. Assim, neste texto, é proposta uma nova sistematização do campo da ciência da informação. A referência utilizada é o trabalho de Burrell e Morgan, que aplicaram um modelo de paradigmas sociológicos para a pesquisa em organizações. Tal modelo prevê quatro paradigmas: o funcionalista, o interpretativo, o humanista radical e o estruturalista radical. Após a apresentação destes paradigmas, é feita sua aplicação ao campo da ciência da informação. O resultado desse trabalho permite evidenciar que, normalmente, apenas o primeiro e o segundo paradigmas das ciências sociais são identificados na ciência da informação. Partes significativas da área acabam por ficar invisibilizadas nas apresentações “clássicas” do campo, como o entendimento da informação enquanto parte das desigualdades estruturais que compõem as formações sociais, ou o entendimento de como os indivíduos se posicionam diante de tais desigualdades estruturais em termos de sua alienação ou emancipação. Conclui-se que o chamado paradigma social é, na verdade, mais do que um novo modelo. Ele representa uma abertura para a entrada e legitimação de diferentes perspectivas de estudo da informação.