Biblioteca pública, memória e discursos identitários

uma leitura sócio-histórica dos depoimentos colhidos pelo Projeto Memória Oral da Biblioteca Mário de Andrade (BMA)

Resumo

O presente artigo analisa a participação das bibliotecas públicas no processo de edificação de memórias sociais compartilhadas relacionalmente e sua contribuição para a conformação de discursos identitários tanto do lugar onde se inserem quanto dos usuários que as frequentam/frequentaram a partir de uma perspectiva representacional. Quadro de sentido composto por meio da análise de um conjunto de depoimentos e relatos de vida coletados e disponibilizados ao público pelo Projeto Memória Oral da Biblioteca Mário de Andrade, programa que visa aprofundar o entendimento acerca da história da instituição e melhor compreender seus caminhos e descaminhos no âmbito da vida cultural paulistana. No geral, tais relatos permitem que o depoente em foco reflita sobre sua formação enquanto sujeito histórico e sobre as relações que mantém/manteve com a cidade sede da biblioteca (atividades, estratégias de mobilização e relações prático-afetivas). Possibilita ainda abordar questões referentes ao lugar ocupado pela Biblioteca Mario de Andrade (BMA) – dimensões históricas, simbólicas e estruturais – em todo esse processo formativo-relacional. Amparado por uma análise sócio-histórica dos depoimentos, a memória social e o discurso identitário erigidos em torno e a partir da BMA pôde ser revelado através da associação dos eventos, situações e representações que aparecem de maneira recorrente nas falas dos entrevistados.